terça-feira, abril 24, 2007

Canto moço - Zeca Afonso, 1970


Somos filhos da madrugada
Pelas praias do mar nos vamos

À procura de quem nos traga
Verde oliva de flor no ramo

Nave gamos de vaga em vaga
Não sou bemos de dor nem mágoa

Pelas praias do mar nos vamos
À procura de manhã clara
Lá do cimo de uma montanha
Acendemos uma fogueira
Para não se apagar a chama
Que dá vida na noite inteira
Mensageira pomba chamada
Mensageira da madrugada
Quando a noite vier que venha
Lá do cimo de uma montanha

Onde o vento cortou amarras
Largaremos p'la noite fora
Onde há sempre uma boa estrela
Noite e dia ao romper da aurora
Vira a proa minha galera
Que a vitória já não espera
Fresca, brisa, moira encantada
Vira a proa da minha barca.

2 Comments:

à s 27 de abril de 2007 às 18:42, Blogger Luís Brandão Pereira escreveu...

A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim

Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue de um peito aberto sai

O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal

E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu

Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale

À lei assassina, à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou

Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim

Na curva da estrada hà covas feitas no chão
E em todas florirão rosas de uma nação

 
à s 29 de abril de 2007 às 19:19, Blogger Ines Melo Sampaio escreveu...

Para quem nao saiba, esta cancao do Zeca ("A morte saiu a rua" e nao o "Canto moco"), que surpreendentemente passou na censura, refere-se ao assassinato de um funcionario clandestino do PCP, Jose Dias Coelho, pela PIDE, em plena Alcantara. Um pouco de cultura de esquerda nunca e demais! Beijinhos

 

Enviar um comentário

<< Home