segunda-feira, julho 02, 2007

Sentenças


Com a chegada das eleições para a Câmara Municipal de Lisboa, os candidatos assumem posturas idênticas por forma a ganhar a confiança do eleitorado.

Para aqueles, o mais importante é garantir o equilíbrio das contas do Município. É também o facto mais destacado pela Comunicação Social. Contas, contas e contas. Mas será esse o mote mais relevante para as pessoas? O problema da capital é este mesmo: É vista como economicamente relevante. As preocupações são números e as pessoas são estatística.

Nos jornais nacionais, várias pessoas, portuguesas e estrangeiras, definem frequentemente Lisboa como uma das cidades mais bonitas do mundo. Discordo. Lisboa é uma cidade histórica, com umas áreas agradáveis e alguns sítios interessantes. É só. Mas é a capital de Portugal, por isso merece melhor tratamento do que aquele que lhe tem sido dado.

A primeira ideia que tenho de Lisboa é tratar-se de uma cidade suja. As ruas estão cheias de lixo, os passeios oferecem papéis e embrulhos e o vento faz com que as estações de metro sejam os contentores municipais. Sensibilização das pessoas para esta problemática, é o que se pede.
Mas está também suja noutro sentido. Lisboa não tem espaços verdes. Quer dizer, tem: O parque florestal de Monsanto e alguns parquezinhos tipo Eduardo VII. Prefiro ter um pequeno jardim com duas palmeiras e um limoeiro a cada dois quateirões do que parques enormes por cada oito quilómetros quadrados.
Não há relvados, não há bancos, não há jardins.

Falando em poluição, é inevitável referir os automóveis. Quando passo por Lisboa fico sempre com a sensação que cada pessoa é proprietária de dois carros e consegue conduzi-los ao mesmo tempo!
Os automóveis são imensos, o que aumenta a poluição da cidade (no seguimento do que já referi). A poluição sonora de manhã cedo e à tarde obriga os noctívagos a comprarem casa na periferia.
Conduzir em Lisboa é o caos. A sinalização é insuficiente, as indicações são escassas e os estacionamentos são miragens. Os peões não passam de uma peça de Xadrez.

A capital é velha, é cinzenta e está degradada. Seria normal que assim fosse, sendo uma cidade com algumas centenas de anos. Mas também seria de esperar que houvesse restauração dos centros históricos e dos prédios em ruínas.
Mais do que construir casas que ninguém compra e em espaços que não deveriam existir para esse fim, é importante restaurar e incentivar a aquisição dos prédios devolutos. Embelezaria a cidade e traria consigo novos e sorridentes habitantes.

Infelizmente, Lisboa sofre do mesmo problema dos outros centros urbanos mundiais: A pobreza e a exclusão social. Mas não nos podemos agarrar aos maus exemplos dos outros para justificar os nossos.
Em qualquer freguesia do município existem dezenas de sem-abrigo e pedintes. Uma viagem de duas paragens de metro a qualquer hora do dia é suficiente para encontrar pessoas que pedem auxílio. Dentro do metro, à porta do metro e pelas ruas da cidade.

Assusto-me quando vejo que ninguém ajuda ninguém. Assusto-me ainda mais quando leio que o Centro de Acolhimento Temporário de Xabregas corre o risco de fechar, em virtude de uma dívida de 200 mil euros da Câmara Municipal de Lisboa.

Fazem bem. Coloquem os sem-abrigo na rua 24h por dia. Pode ser que assim consigam ajuda a estacionar os dois carros que serão penhorados para pagar a dívida que têm com o Centro de Acolhimento.

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1 Comments:

à s 3 de julho de 2007 às 03:22, Blogger Fábio Gomes Raposo escreveu...

Dizem ainda que Lisboa é uma cidade que só serve para se ir trabalhar e não para se ir viver.

Da minha parte estou certo: Nem para viver, nem para trabalhar!

 

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