terça-feira, novembro 20, 2007

Tertúlia Virtual


Desafios


A história da educação é muito curiosa. Não é que vá dissertar longamente sobre ela, só que é dos poucos sectores que teve mudanças sucessivas ao longo dos tempos, algumas vezes essas mudanças souberam ser evolução, mas de outras ou se caiu em saco roto ou se regrediu.
Tudo começa com a boa tradição oral. Antes de haver escrita, é mais que natural que assim fosse. Os conhecimentos a transmitir eram de cariz prático, não havia mais que saber. Quando "aparece" a escrita, entra-se na verdadeira História. Começam a relatar-se os factos relevantes, desenvolvem-se as formas de comunicação. Aqui há todo um interesse novo, e alguém teria que se apropriar dele...tocou à igreja. Não é raro vermos os colégios católicos à frente nos rankings dos exames de acesso à faculdade. A tradição, como em quase tudo, aqui, conta muito. Os pedagogos, por excelência, são os Jesuítas e está tudo dito.
Com o advento da república há uma aposta forte no ensino, um ensino público. Depois, tudo não passa da espuma dos dias. Reformas, reformas, reformas...
Hoje, estamos perante mais uma. Bolonha, RJIES...
Cabe-nos, que somos juristas em formação, pugnar pela devida interpretação das leis que sirvam de bases a estas reformas. Há que procurar caminhos para minorar injustiças. Há que defender a "nossa dama" contra entendimentos desfavoráveis à nossa posição.
Recordo-me de, na reunião, levada a cabo na Covilhã, o Ministro Mariano Gago dar uma lição de política a todos os presentes que se preparavam para o confrontar com as polémicas, com os temas quentes de bolonha.
Aos que passam por tudo, aos que, como nós, vivem a reacção à produção de uma lei, nós que passamos por elas, é altura de virar as palavras a nosso favor. Não falo de grandes diplomas, falo de tudo, do RJIES até ao regulamento de avaliação de qualquer estabelecimento de ensino superior.
A última palavra tem que ser nossa.

Duarte Cadete

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4 Comments:

à s 23 de novembro de 2007 às 18:00, Anonymous Anónimo escreveu...

O problema é inclusiva e principalmente a juventude viver todas as reformas elaboradas por sucessivos governos com base na mera «reacção». Num país ideal esse exercício de cidadania (de discussão das leis que nos afectam) é feito a priori e num país ideal para que não haja contestação e «injustiças» existe envolvimento das classes afectadas pela lei, discussão, debate, concertação. Quando se trata de Educação tudo isto redobra a importância porque se tratam de matérias transgeracionais. Num país ideal tem-se tudo isto em conta mas definitivamente Portugal nao é um país ideal

 
à s 24 de novembro de 2007 às 23:53, Blogger João Gomes escreveu...

Duarte,

Já alguém dizia que a Universidade nasceu em Bolonha e morre com Bolonha - mas é mentira.

O que acontece na nossa FDL é uma má aplicação de Bolonha, que eu muitas vezes, noutros espaços, denominei como "contornar bolonha". Falo dos ECTS que foram distribuídos uniformemente por todas as cadeiras sem lógica nenhuma, falo da redução do curso a quatros que basicamente se limitou a empacotar em quatro o que já existia em cinco, falo de um regulamento de avaliação onde continua a não existir anonimáto nos exames e onde não se combate a discricionariedade das orais e muitas outras coisas que nos levam a uma única conclusão: Bolonha apareceu na FDL para ficar tudo na mesma.

Infelizmente é a faculdade que temos e parece que ninguém se importa com isto - "o povo é sereno".

 
à s 27 de novembro de 2007 às 00:05, Blogger Fábio Gomes Raposo escreveu...

Caros Duarte e eternamentelu,

Concordo com vocês e talvez a juventude viva as reformas com base na "reacção" e não tanto na "acção", que são coisas distintas.
Mas esse é um mal que não é só da juventude.

A falta de capacidade de dialogar sincera e frontalmente é algo que afecta os portugueses em todas as vertentes. E se discutir e debater é mais do que dialogar...

Caro João Gomes,

Tenho de concordar contigo também. Bolonha foi, e é, uma excelente iniciativa.
A sua ideia assenta em pressupostos modernos e actuais, sempre no sentido de uma Europa mais Europeia e menos nacionalizada e nacionalista. Mais evoluída, enfim.

Infelizmente, o caso que temos mais próximo de estudar é o da nossa Faculdade. E aí bolonha parece um pesadelo. Não por o ser em si, mas porque quem de direito a torna.

Abraço

 
à s 30 de novembro de 2007 às 11:17, Blogger João Correia escreveu...

Pensar o Ensino em Portugal, implica uma pesquisa história que se não pode nunca descurar. Não a farei aqui; não quero ser exaustivo pelo que apenas farei menção a alguns pontos que considero essenciais.
Há alturas em que sou obrigado a concordar com Vasco Pulido Valente. Nunca os Portugueses seguiram as suas ideias. A tentativa foi sempre copiar, adaptar, transcrever leis, estilos e atitudes. Eça descreveu esse Portugal n'Os Maias, no célebre episódio da Corrida de Cavalos. Muito recentemente, foi aprovado o novo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES). A época de contributos para esta lei já há muito que terminaram. Já foi aprovada pela nossa maioria parlamentar.
O RJIES traz muitas boas novidades; tem aspectos curiosos; instala em militantes de esquerda algumas preocupações. Eu critico aqui apenas uma coisa: O RJIES é a tentativa de adaptar o Sistema de Universitário do Sul da Europa, tradicionalmente Humanístico, nos exemplos das Universidades Nórdicas e Anglo-Saxónicas. Não contesto a necessidade dessa mudança. Contesto sim é o porquê de não ser uma mudança alicerçada na realidade social, ECONÓMICA (e todos sabem que o mal das Universidades é a falta de dinheiro), cultural...
Desfocar-se da realidade redunda em mais atraso. Temos de ser contra a resistência à mudança; mas devemos pensar a mudança sem andar a olhar para o vizinho do lado.

 

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