segunda-feira, novembro 19, 2007

Tertúlia Virtual


Identidade

Após meses sem escrever parece-me interessante falar em identidade, ou melhor, questionar-me a mim próprio e fazer com que todos se questionem sobre a nossa identidade como juventude partidária e agentes da mesma. Desde logo como questão prévia resta saber se temos identidade, será que sabemos o que somos? que ideologia defendemos? Quais serão afinal os nossos valores? Enfim, para onde caminhamos? Estas questões saltam-me à consciência, porque olho para a estrutura na sua globalidade e não vejo orientação, convicções, ideias novas e acima de tudo não vejo responsabilidade e começo a não ver independência. Já se denota em alguns quadrantes menos formados civicamente, que devemos estar ao serviço do Partido, pois aqui temos a machadada final numa organização de juventude partidária, o que permite acrescentar mais um argumento aos defensores da extinção das juventudes partidárias. Cabe-nos a nós inverter este rumo, porque não tenhamos dúvidas, estamos piores que à 2 anos, piores que á 6 anos, e modéstia opinião de quem só tem mais 3 anos de JS, piores que à 10 anos. O caminho só pode ser um, e que é afirmar a nossa independência, e aqui temos de educar militantes que confudem a actuação ao nível de JS e PS, e não sabem separar "águas". Para lá disso temos de ser responsáveis em tudo que fazemos e propomos, e muitas vezes não o temos sido nas propostas apresentadas,e sejamos também coerentes com o nosso passado, porque o futuro da organização só se constrói honrando o passado e aprendendo com ele, para não repetir erros e imitar as coisas boas. A questão onde nos colocamos ideológicamente é controversa e milindrosa para tão parcas linhas, mas sempre direi que tem de ser tomada uma opção de rumo, e não ficarmos sujeitos às orientações dos secretários gerais (mais à esquerda com Sergio Sousa Pinto, a mais ao centro esquerda com Jamila Madeira, para nova incursão à esquerda de "smoking"), e neste campo talvez valesse a pena fazer uma conferência nacional, talvez até fosse mais produtiva que congressos nacional e convenções distritais estéreis. Em tom final e de verdadeiro desabafo, a Juventude Socialista foi feita para discutir ideias e não para arranjar os mil e um cargos que alguns têm.

Rui Zeferino

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5 Comments:

à s 20 de novembro de 2007 às 01:37, Blogger Tiago Gonçalves escreveu...

Cabe-me então comentar este excelente post do meu camarada Rui Zeferino - com quem tive o privilégio de trabalhar no Secretariado da Federação Distrital da JS/Leiria - e se em parte concordo, noutros pontos tenho a referir que discordo em absoluto.

Pessoalmente, como alguns sabem, hoje tenho algumas responsabilidades na JS mas também já no PS - até mais cedo do que devia, dado que desde 2006 que pertenço à Direcção Distrital do PS/Leiria como militante do PS - e por esse motivo não estou suficientemente impedido de tomar as minhas opções num e noutro lado. Respeito, aceito e aliás prezo bastante a autonomia que a Juventude Socialista deve ter - e na minha opinião tem - face ao Partido Socialista. Melhor exemplo do que haver um periódico de uma estrutura da JS que, construtivamente, expõe opinião que por vezes é crítica ao Governo do PS, como foi o caso de um dos mais recentes números do Jornal do NES?

Esse exemplo descreve claramente que pelo menos para mim a JS não é a equipa que faz o favor ao PS de colar os seus cartazes. É uma equipa crítica quando deve ser e uma equipa militante quando as causas o exigem.

Outro problema: como é que podemos falar todos de independência, se nos tempos eleitorais dentro da estrutura da JS é junto do PS que todos os candidatos se socorrem para garantir apoios e contactos?

Se a JS quiser a verdadeira independência face ao PS tem que começar logo por aí, excluíndo o PS das lutas internas e disputas de poder na JS.

Outro ponto que abordaste, foi em relação à actual Direcção Nacional da JS e ao trabalho que ela tem desenvolvido. Em primeiro lugar, entendo e tenho uma visão diferente da tua, isto porque percebo que a JS actualmente tem uma agenda própria. A questão da legalização dos casamentos do mesmo sexo, o facto de a JS do actual Secretário-Geral ter liderado a contestação contra a posição que o Governo Português de Direita de Durão Barroso/Paulo Portas tomou face ao "Barco do Aborto", etc. evidenciam claramente uma separação de agendas entre JS, PS e Governo. Mas será que a JS deve ter apenas uma agenda própria? Eu entendo que não, é necessário que a JS também tenha uma agenda conjugada com o Partido e com o Governo, para benefício não dos dirigentes da JS mas dos jovens portugueses. Uma JS sem agenda conjugada com o PS e com o Governo é o mesmo que uma JS sem propostas de futuro para os jovens portugueses e desse modo, são todos os jovens portugueses que perdem. A intervenção da JS na elaboração de propostas para o Programa do Governo em funções e que têm tido resultados - como está afixado um pouco por aí - é sinal que a JS deve intervir e não se deve limitar a dar um contributo repugnável de lambebotismo e de postura constante de auto-elogio ao Partido à qual pertence.

Esta é a minha opinião.

Um abraço amigo,

Tiago Gonçalves

 
à s 20 de novembro de 2007 às 13:54, Blogger Zeferino Ferreira escreveu...

Exercendo o direito de resposta, digo:
1. Fazes bem em discordar de mim, é por isso que vivemos em democracia, mas tenho duvidas que todos os foros da JS pensem assim;
2. Quanto às tuas responsabilidades, concerteza que fizeste por merecê-las, e não as coloco em causa, fiz apenas um juízo de globalidade de mais de 10 anos de JS, e que me dão o direito e dever de afirmar que muita gente está na JS por cargos e por ser este o melhor trampolim para o PS
3. Referes na tua exposição que existe autonomia na JS, também não a nego segundo um juízo global, mas o que afirmei e reafirmo é que começa a haver falta de independência, o que é bem diferente de ela não existir, "Felizmente";
4.Quanto ao que se passa nos processos eleitorais, e mais uma vez em termos globais, é muitas vezes uma verdadeira "vergonha", e tu sabes bem como são esses processos, pois já os sofreste na pele;
5. Ter agenda própria talvez, mas o problema é que nem sempre é responsável, e não motiva as classes etárias para os quais devemos dirigir o nosso discurso, e nisto tenho a certeza absoluta. Os objectivos da IVG e do casamento homosexual, em especial o primeiro, sempre foi um objectivo transversal a todas as direcções da JS, e que não se negue este facto. Já quanto à questão dos casamentos tenho as mais sérias duvidas, que seja o assunto que mais interesse tenha tenha para os nossos jovens (não será antes o triangulo estratégico do desenvolvimento jovem por mim defendido desde à anos - Educação - Emprego - Habitação?)Parece-me mais interessante falar destas questões, e se queres uma mais fracturante à PNS, tens a questão da legalização da prostituição, no qual podiam pegar numa proposta de Lei apresentada à anos na Assembleia da Republica por outras direcções da JS e que infelizmente foi colocada na "gaveta" (era uma proposta que ia para além da legalização, propunha a inserção social, beneficios ao nível da saúde e um enquadramento fiscal). Aí tens algo que mereceria ser imitado.
6. Elogio do Partido??...até acho que a JS deveria vir a público congratular-se pelo governo deste país, isso não é deixar de ser independente, o problema é não saber distinguir e separar a actuação ao nível do PS e JS, ressalvando que neste aspecto à militantes com atitudes exemplares...espero que seja o teu caso.

 
à s 22 de novembro de 2007 às 11:39, Blogger Pedro Sá escreveu...

O que falta são mas é AVIADORAS BIELORRUSSAS...

 
à s 22 de novembro de 2007 às 19:21, Blogger Zeferino Ferreira escreveu...

e as Servias Pedro???

 
à s 25 de novembro de 2007 às 00:14, Blogger João Gomes escreveu...

Rui,

A JS tem uma história e uma identidade, como é óbvio, mas claro sempre estreitamente ligada ao Partido Socialista - sem a primeira sobreviveria o segundo, mas sem o segundo não existiria a primeira.

Como muito bem dizes já existiram várias JS's, mais e menos activas, beneficiando de um maior ou menor protagonismo, estando mais à esquerda ou ao centro e com equipas melhores ou piores a comandarem o seu rumo.

Sou militante da JS há quase quatro anos, entrei numa altura bastante complicada, a JS estava à direita com a Jamila e o PS estava à esquerda com o Ferro Rodrigues, Paulo Pedroso, Pedro Adão e Silva, entre outros, a dirigirem o seu destino. Pouco tempo depois de entrar comecei a apoiar a candidatura do PNS a secretário-geral da JS, hoje posso dizer que não me arrependo.

Nestes últimos três anos e meio a JS ganhou protagonismo, lançou bandeiras próprias, roubou protagonismo a todas as outras juventudes partidárias e ao BE, modernizou as suas estruturas, investiu na internet e nos novos meios de comunicação, teve um papel crucial para a eleição de José Sócrates e animou, práticamente sozinha, a campanha de Mário Soares à presidência da república - Parece pouco? Mas não é. Isto para não falar no referendo da IVG, na defesa dos direitos dos homossexuais, no debate em torno do arrendamento jovem e do ensino superior.

Claro que ainda muito trabalho existe para ser feito, óbviamente existem muitos vícios que têm que acabar, muitas estruturas pelo país fora têm que ser reactivadas e principalmente muito mais discusão política tem que haver na estrutura. Para além disto tudo é preciso impor a JS ao partido, é preciso exigir uma renovação dos quadros do PS e dar uma maior autonomia à jota.

Parabéns pelo texto.

Forte Abraço!

 

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