Política e Pulítica
- É curioso perceber como partidos politicos da oposição bem como comentadores politicos de vários meios de comunicação social invocam a promessa de há dois anos do PS em realizar um referendo sobre a Constituição Europeia como meio necessário (ou mesmo indispensável) para gerar um profícuo debate na sociedade portuguesa. Mas alguém já os ouviu a tecer considerações sobre o assunto? Propostas? Alternativas? Pontos de vista?
- Não querendo mesmo nada parecer o Prof. Marcelo, permitam-me porém aconselhar-vos um livro de excelência (não tanto pela forma mas pelo conteúdo): Foi Assim, de Zita Seabra. Muitos dos relatos são impressionantes, muitos histórias de coragem, convicção e devoção ideológica. Nada comparável, no entanto, à perfeita percepção com que ficamos (transmitida por alguém que nessa altura estava já ao mais alto nível do Partido) de que o PCP acreditou até bem depois do 25 de Abril e do 25 de Novembro que uma revolução comunista era necessária e se impunha como "o passo seguinte". A questão é: é isso que continua a ser a doutrina comunista portuguesa e o seu objectivo? Se sim, mau... acabar com uma democracia como a actual utilizando todos os métodos necessários a instituir uma ditadura do proletariado acho que não é algo que Portugal deseje. Se não, "péssimo"... o que é o Partido Comunista Português e para que existe enquanto tal?
- O novo sistema de crédito a estudantes universitários é uma medida com um alcance inimaginável à primeira vista: permite, mais que responsabilizar o estudante pelo seu percurso académico (argumento mais evidenciado), dar a oportunidade a muitos jovens, que nunca imaginaram terem oportunidade de suportar econimicamente uma licenciatura, de tirar um curso e lutar por um emprego, livre das amarras soció-económicas que o liberalismo ainda não consegue admitir que existem em todas as sociedades democráticas. O que a JS vai ter de continuar a defender, até para se diferenciar da JSD que também há muito defende este sistema, é uma actuação eficaz da acção social. Só as duas em conjunto (acção social forte + novo sistema de créditos) poderão ser consideradas uma vitória socialista.
Etiquetas: Politica e Pulitica
9 Comments:
Gostaria era que comentassem a falta de coragem do Governo em não ter recebido o Dalai Lama...
Já na Alemanha, isso não se passará...
Mas se calhar é chato comentarem. O vosso partido pode não gostar.
Pela minha parte comento com todo o gosto José. E até te elucido porque não abordei isso na minha crónica semanal. È simples: porque não é assunto politico, ou melhor, é politica "à antiga portuguesa". A dos fait-divers, a da forma, a da critica fácil e da irrelevancia e mesquinhez da abordagem dos temas.
O lider religioso do Tibete (é isso que diplomaticamente é o Dalai Lama - para estas coisas existem protocolos) não foi recebido pelo Governo Português. Mas foi pela 2a figura do Estado português, com todo o cerimonial apropriado à recepção de um nóbel.
Será pouco?
Duas notas:
- Falas na Alemanha como se fosse recebido com a dignifdade de um Chefe de Estado quando não era necessário procurares assim tanto para verificares que se tratará de um "encontro privado entre a pessoa da chancelarina Angela Merkel e o Dalai Lama" [LUSA].
- Apoio incondicionalmente a posição do Governo português nesta matéria (afinal exige-se que sejamos responsáveis em politica externa, ainda mais na presidencia da UE!) mas condeno a maneira como o MNE Luis Amado se referiu ao caso usando a expressão "obviamente não será recebido oficialmente pelo Governo português". È uma questão de forma, nada mais. No conteudo, naquilo que realmente interessa, o Ministro está certo.O resto é pUlitica.
"O lider religioso do Tibete (é isso que diplomaticamente é o Dalai Lama - para estas coisas existem protocolos".
Falso. Dalai Lama é também o Líder exilado de um país que foi anexado nos anos 50 pela China e de um povo que é diariamente violado e torturado pelo regime chinês...
Acho tambem curioso que é a 2a vez que isto acontece e por coincidência (ou talvez não) o Governo era PS.
Espero que ao menos sejam contra a não existência de direitos humanos na China. Oo vale tudo na política?
Eu falei em termos protocolares, nada mais. As coisas não são como nos apetecem no momento, existem regras protocolares com anos de tradição e respeito.
Mas mais hipocrita desta questão é mesmo a partidária: como se qualquer outro partido (responsável) no Governo tivesse feito coisa distinta.
Na verdade a responsabilidade é muito diferente de subserviência. E apenas os fracos não o reconhecem... exactamente por isso.
Reparo com tristeza que em nenhum dos seus comentários se refere à sistemática violação dos direitos humanos por parte da China no Tibete.
Concluo que ideais, neste sítio, sáo poucos.
Preferem focar-se em questões formais do que na substância das coisas, e essa é só uma: Dalai Lama, Prémio Nobel da Paz, Líder Exilado do Tibete, foi vergonhosamente esquecido pelo PR e pelo Governo por medo de represálias da China.
Não me falem mais em social-democracia neste blog. Porque vocês não acreditam (de facto) nesse conceito.
Há maneiras mais inteligentes e eficazes de lutar contra e denunciar a violação de direitos humanos por todo o mundo do que receber o Dalai Lama com honras de estado e criticar o Estado português por não provocar uma (desnecessária) crise diplomática.
E obviamente continuaremos a falar daquilo em que acreditamos. Mas sem demagogia e clichés.
"Reparo com tristeza que em nenhum dos seus comentários se refere à sistemática violação dos direitos humanos por parte da China no Tibete."
E assim permanecem os comentários seguintes a esta frase.
Deve ser de facto difícil despirmos a camisola do partido e olharmos para o mundo como pessoas livres e não maneatadas pela doutrina partidária.
"Deve ser de facto difícil despirmos a camisola do partido e olharmos para o mundo como pessoas livres e não maneatadas pela doutrina partidária."
A frase (ou melhor, cliché) típico de quem pensa que por se fazer parte de um partido politico se vive condicionado, que se deixa de pensar. Com pessoas assim, e infelizmente são muitas, é complicado (ou mesmo impossivel) discutir politica. O melhor é quase sempre deixá-las viver a sua suposta maior liberdade a dizer disparates sem conhecimento de causa.
É o que vou fazer.
Caro Pedro Silveira a frase do primeiro comentário: "Mas se calhar é chato comentarem. O vosso partido pode não gostar." bastaria para retirar qualquer crédito a alguém que em anonimato vem com argumentos próprios de uma oposição rasca tentar provar que o Governo português fez alguma coisa de errado.
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