quinta-feira, setembro 13, 2007

Política e Pulítica


- É curioso perceber como partidos politicos da oposição bem como comentadores politicos de vários meios de comunicação social invocam a promessa de há dois anos do PS em realizar um referendo sobre a Constituição Europeia como meio necessário (ou mesmo indispensável) para gerar um profícuo debate na sociedade portuguesa. Mas alguém já os ouviu a tecer considerações sobre o assunto? Propostas? Alternativas? Pontos de vista?

- Não querendo mesmo nada parecer o Prof. Marcelo, permitam-me porém aconselhar-vos um livro de excelência (não tanto pela forma mas pelo conteúdo): Foi Assim, de Zita Seabra. Muitos dos relatos são impressionantes, muitos histórias de coragem, convicção e devoção ideológica. Nada comparável, no entanto, à perfeita percepção com que ficamos (transmitida por alguém que nessa altura estava já ao mais alto nível do Partido) de que o PCP acreditou até bem depois do 25 de Abril e do 25 de Novembro que uma revolução comunista era necessária e se impunha como "o passo seguinte". A questão é: é isso que continua a ser a doutrina comunista portuguesa e o seu objectivo? Se sim, mau... acabar com uma democracia como a actual utilizando todos os métodos necessários a instituir uma ditadura do proletariado acho que não é algo que Portugal deseje. Se não, "péssimo"... o que é o Partido Comunista Português e para que existe enquanto tal?

- O novo sistema de crédito a estudantes universitários é uma medida com um alcance inimaginável à primeira vista: permite, mais que responsabilizar o estudante pelo seu percurso académico (argumento mais evidenciado), dar a oportunidade a muitos jovens, que nunca imaginaram terem oportunidade de suportar econimicamente uma licenciatura, de tirar um curso e lutar por um emprego, livre das amarras soció-económicas que o liberalismo ainda não consegue admitir que existem em todas as sociedades democráticas. O que a JS vai ter de continuar a defender, até para se diferenciar da JSD que também há muito defende este sistema, é uma actuação eficaz da acção social. Só as duas em conjunto (acção social forte + novo sistema de créditos) poderão ser consideradas uma vitória socialista.

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9 Comments:

à s 16 de setembro de 2007 às 11:20, Anonymous Anónimo escreveu...

Gostaria era que comentassem a falta de coragem do Governo em não ter recebido o Dalai Lama...

Já na Alemanha, isso não se passará...

Mas se calhar é chato comentarem. O vosso partido pode não gostar.

 
à s 16 de setembro de 2007 às 21:48, Anonymous Anónimo escreveu...

Pela minha parte comento com todo o gosto José. E até te elucido porque não abordei isso na minha crónica semanal. È simples: porque não é assunto politico, ou melhor, é politica "à antiga portuguesa". A dos fait-divers, a da forma, a da critica fácil e da irrelevancia e mesquinhez da abordagem dos temas.

O lider religioso do Tibete (é isso que diplomaticamente é o Dalai Lama - para estas coisas existem protocolos) não foi recebido pelo Governo Português. Mas foi pela 2a figura do Estado português, com todo o cerimonial apropriado à recepção de um nóbel.
Será pouco?

Duas notas:
- Falas na Alemanha como se fosse recebido com a dignifdade de um Chefe de Estado quando não era necessário procurares assim tanto para verificares que se tratará de um "encontro privado entre a pessoa da chancelarina Angela Merkel e o Dalai Lama" [LUSA].
- Apoio incondicionalmente a posição do Governo português nesta matéria (afinal exige-se que sejamos responsáveis em politica externa, ainda mais na presidencia da UE!) mas condeno a maneira como o MNE Luis Amado se referiu ao caso usando a expressão "obviamente não será recebido oficialmente pelo Governo português". È uma questão de forma, nada mais. No conteudo, naquilo que realmente interessa, o Ministro está certo.O resto é pUlitica.

 
à s 17 de setembro de 2007 às 01:41, Anonymous Anónimo escreveu...

"O lider religioso do Tibete (é isso que diplomaticamente é o Dalai Lama - para estas coisas existem protocolos".

Falso. Dalai Lama é também o Líder exilado de um país que foi anexado nos anos 50 pela China e de um povo que é diariamente violado e torturado pelo regime chinês...

Acho tambem curioso que é a 2a vez que isto acontece e por coincidência (ou talvez não) o Governo era PS.

Espero que ao menos sejam contra a não existência de direitos humanos na China. Oo vale tudo na política?

 
à s 17 de setembro de 2007 às 16:28, Anonymous Anónimo escreveu...

Eu falei em termos protocolares, nada mais. As coisas não são como nos apetecem no momento, existem regras protocolares com anos de tradição e respeito.

Mas mais hipocrita desta questão é mesmo a partidária: como se qualquer outro partido (responsável) no Governo tivesse feito coisa distinta.

Na verdade a responsabilidade é muito diferente de subserviência. E apenas os fracos não o reconhecem... exactamente por isso.

 
à s 17 de setembro de 2007 às 17:25, Anonymous Anónimo escreveu...

Reparo com tristeza que em nenhum dos seus comentários se refere à sistemática violação dos direitos humanos por parte da China no Tibete.

Concluo que ideais, neste sítio, sáo poucos.

Preferem focar-se em questões formais do que na substância das coisas, e essa é só uma: Dalai Lama, Prémio Nobel da Paz, Líder Exilado do Tibete, foi vergonhosamente esquecido pelo PR e pelo Governo por medo de represálias da China.

Não me falem mais em social-democracia neste blog. Porque vocês não acreditam (de facto) nesse conceito.

 
à s 17 de setembro de 2007 às 17:33, Anonymous Anónimo escreveu...

Há maneiras mais inteligentes e eficazes de lutar contra e denunciar a violação de direitos humanos por todo o mundo do que receber o Dalai Lama com honras de estado e criticar o Estado português por não provocar uma (desnecessária) crise diplomática.

E obviamente continuaremos a falar daquilo em que acreditamos. Mas sem demagogia e clichés.

 
à s 18 de setembro de 2007 às 19:32, Anonymous Anónimo escreveu...

"Reparo com tristeza que em nenhum dos seus comentários se refere à sistemática violação dos direitos humanos por parte da China no Tibete."

E assim permanecem os comentários seguintes a esta frase.

Deve ser de facto difícil despirmos a camisola do partido e olharmos para o mundo como pessoas livres e não maneatadas pela doutrina partidária.

 
à s 18 de setembro de 2007 às 22:33, Anonymous Anónimo escreveu...

"Deve ser de facto difícil despirmos a camisola do partido e olharmos para o mundo como pessoas livres e não maneatadas pela doutrina partidária."

A frase (ou melhor, cliché) típico de quem pensa que por se fazer parte de um partido politico se vive condicionado, que se deixa de pensar. Com pessoas assim, e infelizmente são muitas, é complicado (ou mesmo impossivel) discutir politica. O melhor é quase sempre deixá-las viver a sua suposta maior liberdade a dizer disparates sem conhecimento de causa.

É o que vou fazer.

 
à s 18 de setembro de 2007 às 22:47, Anonymous Anónimo escreveu...

Caro Pedro Silveira a frase do primeiro comentário: "Mas se calhar é chato comentarem. O vosso partido pode não gostar." bastaria para retirar qualquer crédito a alguém que em anonimato vem com argumentos próprios de uma oposição rasca tentar provar que o Governo português fez alguma coisa de errado.

 

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