quarta-feira, outubro 24, 2007

Cadetísmos


Constituição

Tem-se falado numa nova constituição. Há que compreender as razões destes desejos, as consequências de uma hipotética sua realização e, claro, relacionar tudo com quem até alinha nestas coisas.

A ideia de uma nova lei fundamental não é nova. A bem da verdade, não passa de um cliché de quem não tem mais nada para fazer. Podemos, ainda, lembrar que é vontade recorrente (mudar a dita) de quem tem más memórias do 25 de Abril e considera que se vive num socialismo assombroso, digno de uma república de leste, em que a União Soviética manda e desmanda. Se juntarmos a isso os fantasmas da descolonização, que acabam sempre por vir à baila, temos uma boa sopa da pedra.

Findo um congresso "consagrativo" de um novo líder, começam a chover hipóteses de oposição ao governo. Há múltiplas formas de combater um governo. De entre todas, aparecem, a meu ver, as mais ridículas e, à cabeça, emerge esta, acompanhada de um "fim" para o TC. Não haverá outras razão para semelhante bitaite: dizer algo pseudo-novo, reformador e revolucionário.
Quanto a consequências, há que perguntar: o que iria fazer de bom algo que não tem necessidade de existir? Pode-se sempre argumentar com as barreiras que a CRP actual impõe à economia, que o modelo político é anquilosado, que o P.R devia ter menos poderes, para dizer que há uma necessidade premente de inovar o texto constitucional. Mas não há. Na falta de melhor visão, tudo isto são não-problemas transpostos para o plano mediático por quem tem notórios "issues".

Tudo culmina no proponente da alteração. Como tem sido demonstrado por muitos comentadores políticos, parece assistir-se a um fenómeno de bi-cefalia na liderança, mas o curioso radica no seguinte: o autor material da exteriorização de vontade de alteração da constituição, o líder eleito do PSD não tem experiência governamental, passou por pouco, no que toca a grandes decisões. Já o outro líder, parlamentar, foi demitido pelo...P.R; acredita numa liberalização total do mercado...; acredita, piamente, que pode mandar mais. Busílis: um pensa e sente qualquer coisa, o outro faz. Há quase como uma dialéctica entre duas almas dextras.
É bonito.
Ridículo também.

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